Poems by Angélica Freitas
Translated by Farnoosh Fathi
[read in the original Portuguese]
1. entre ringues polifônicos e línguas multifábulas
entre facas afiadas e o elevado costa e silva
entre dumbo nas alturas e o cuspe na calçada
alça vôo a aventura na avenida angélica
e hoje de manhã trabalha e amanhã avacalha
a viação gato preto colando um chiclete
adams de menta no assento daqueles bancos de trás
entre ringues polifônicos e tênis alados
entre paulistas voadores e portadores esvoaçados
de baseados no bolso das calças jeans
entre o canteiro central da paulista e a vista do vão do masp
entre os que eu quero e os que queres de mins
2. dos ringues polifônicos da cidade de são paulo:
entre valsas e velórios e invertidos convulsivos
entre a puta enaltecida e enrustidos explosivos
entre a abertura da boca e o último trem pra mooca
entre os ringues polifônicos e a queda da marquise
morreu ontem executada a poor elise
boa constrictor
estava enrolada num galho
entre folhas nem se mexia
a danada
me viu era hora do almoço
e me disse na língua das cobras:
parada
virei o tronco ela já vinha
calculava minha espinha
cobreava
me poupe eu disse
e ela na língua das cobras
negava:
você sabe porque veio
honeypie
e sabe pra onde vai
me envolveu com destreza
me apertou bem as pernas
me prendeu de jeito
até que meu peito
ficou maior
que a alma
um crec crac
de ossos quebrando
uma lágrima escorrendo:
parecia amor
a falta de ar
o sangue subindo pra cabeça
onde toda a história começa.
pouca coisa
não calcula a perda ao comprar a caixa de alfinetes (da china)
e tampouco de onde vão despontar com suas cabeças (chatas)
e maldiz mao tsé quando sai uma gota de sangue (do dedo)
e quando vê um alfinete na rua não pega (nem morta)
mesmo se igual aos que pontuam as blusas (no armário)
e que rocem na pele produzindo vermelhos (tão raros)
e que alguém sonhe com alfinetes (na china)
na vida só valem às dúzias (é claro)
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Edited by Farnoosh Fathi